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Saúde Mental: Residência, áreas de atuação, remuneração e mais!

Saúde Mental: Residência, áreas de atuação, remuneração e mais!

Você já pensou em fazer uma Residência Multiprofissional em Saúde Mental? Essa pode ser uma excelente opção para a carreira do profissional da saúde, mas muita gente ainda não sabe exatamente como funciona essa área de atuação.

Então, fizemos essa matéria para tirar todas as dúvidas sobre o assunto e, talvez, te ajudar a encontrar um rumo muito interessante para sua carreira.

A Saúde Mental é uma das especialidades oferecidas em programas de Residências Uni e Multiprofissional por todo o país.

É uma opção excelente para quem deseja realizar uma especialização latu sensu focada na atuação em serviço após a graduação. Afinal, esse é um dos campos que mais necessitam de reforço técnico e que vem ganhando cada vez mais importância nos últimos tempos.

O principal objetivo atribuído aos programas que formam especialistas em Saúde Mental é: capacitar profissionais da área da saúde, a partir da formação prática, para uma atuação multiprofissional de caráter analítico, investigativo, criativo e propositivo no campo da saúde mental.

Atualmente, os profissionais da Saúde que podem ter essa especialização são:

  • enfermeiros, 
  • farmacêuticos, 
  • fisioterapeutas,
  • fonoaudiólogos, 
  • nutricionistas, 
  • psicólogos, 
  • assistentes sociais e 
  • terapeutas ocupacionais.

Para se tornar especialista nesse campo, é necessário fazer Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Mental. Atualmente, há cerca de 50 programas nessa área em instituições e Hospitais de Ensino por todo o país.

Ao longo dessa matéria, te explicaremos melhor como se tornar especialista na área, quais as competências aprendidas e as possibilidades de atuação. Confira abaixo:

  1. Breve histórico sobre a Saúde Mental no Brasil;
  2. Como funciona a Residência em Saúde Mental;
  3. Processo seletivo da Residência;
  4. Onde fazer Residência em Saúde Mental;
  5. O que é esperado do especialista em Saúde Mental?;
  6. Como se preparar para a Residência em Saúde Mental.

Breve histórico da Saúde Mental no Brasil

O Brasil já passou por inúmeros desafios e mudanças no que diz respeito às políticas públicas de Saúde Mental para a população. Porém, ainda hoje, as deficiências e lacunas na construção de ações e programas governamentais nessa área são muito presentes. Isso é fruto de séculos de negligência, discriminação e hostilidade com os portadores de transtornos mentais no país.

Por muitos anos não houve tratamento especializado nessa área no Brasil. No século XIX, os ricos considerados “loucos” eram mantidos escondidos nas casas e os pobres que perambulavam pelas ruas passaram a ser trancafiados nos porões das Santas Casas de Misericórdia, onde viviam em condições degradantes.

Em 1852, os pacientes que se encontravam até então nas Santas Casas foram transferidos para a primeira instituição psiquiátrica brasileira, que tinha como base o tratamento moral e as práticas excludentes.

O uso das palavras de ordem “controlar, tratar e curar” e a visão dos fenômenos psíquicos como consequências da raça ou do meio, advindos de fatores biológicos ou orgânicos dominaram por décadas o pensamento do país.

Apenas em 1970, no contexto da reforma sanitária, as discussões sobre a necessidade de humanizar o tratamento das pessoas com transtornos mentais foram iniciadas.

A partir de então, muitos movimentos críticos ao modelo manicomial e algumas mudanças foram acontecendo, como o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (1978), a criação do primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) no país (1987), a Lei da Reforma Psiquiátrica (2001), dentre outros.


Saiba mais sobre o assunto no artigo: A reforma psiquiátrica no Brasil e no mundo


Não podemos ignorar o fato de que a Reforma Psiquiátrica, assim como a própria redemocratização, permitiu o desenvolvimento de redes assistenciais por todo o país.

Em 2006, houve uma verdadeira inversão do investimento em saúde mental, com os serviços comunitários recebendo mais recursos do que os hospitais psiquiátricos. Porém, desde 2015 há uma escassez de dados sobre a expansão desses serviços comunitários.

A Política Nacional de Saúde Mental  busca consolidar um modelo de atenção aberto e de base comunitária. A proposta é de garantir a livre circulação das pessoas com problemas mentais pelos serviços, pela comunidade e pela cidade.

A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), instituída pela portaria do GM Nº 3.088, estabelece os pontos de atenção para o atendimento de pessoas com problemas mentais, incluindo os efeitos nocivos do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do SUS.

Mesmo após mudanças e conquistas, ainda há muitas lacunas a serem preenchidas. Os serviços comunitários são distribuídos de forma desigual entre as regiões do país e o número de casos de transtornos mentais vem aumentando significativamente a cada ano (segundo a Organização Mundial de Saúde, o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo).

Para deixar a situação ainda mais complexa, não há um bom grau de integração entre a atenção básica e as equipes de saúde mental que trabalham no nível do CAPS, sendo necessário treinar profissionais para atuarem como planejadores e gestores de saúde mental.

Nesse momento se evidencia a tamanha importância dos programas de Residência Multiprofissional em Saúde Mental na formação de profissionais capacitados e preparados para realizar mudanças efetivas nesse sistema.

Como funciona a Residência em Saúde Mental

Para atuar na área de Saúde Mental, é preciso realizar Residência em um dos programas específicos oferecidos por Hospitais de Ensino aprovados pela Comissão de Residência Multiprofissional (CNRMS), ligada aos Ministérios da Educação e da Saúde.

Esses programas de residência são modalidades de formação voltadas para a qualificação de profissionais que atuarão na Saúde Pública brasileira, no âmbito da saúde mental (principalmente nos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS), por meio de práticas supervisionadas e de ofertas teóricas.

Com duração mínima de dois anos, os programas têm ênfase na prática (por isso utiliza-se o termo educação em serviço) e os residentes recebem uma bolsa-auxílio mensal de R$ 3.330,43.


Saiba mais sobre Residência no artigo: Residência Multiprofissional em Saúde


É muito evidente o quanto a área da Saúde Mental vêm ganhando força. Até 2010, existiam apenas seis vagas, em um único estado, para interessados na Residência de Atenção à Saúde Mental.

Em 2017, já havia mais de trezentas vagas em cerca de 29 programas por todo o país. A tendência é que esses números aumentem significativamente a cada ano.

A Residência em Saúde Mental tem como missão qualificar profissionais para atuação municipal no campo da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), em seus distintos níveis de complexidade, tendo a Política Nacional de Saúde Mental, a Clínica da Atenção Psicossocial e os princípios do SUS como balizadores do processo de formação.

Pensando na relação entre clínica e gestão, a proposta abrange também a inserção e reflexão nos diversos âmbitos de gestão da RAPS, em associação com seus vários componentes e respectivos pontos de atenção locais existentes. Com a perspectiva de desenvolver ações que integrem ensino (no contexto do tripé ensino-pesquisa-extensão), atenção, gestão e participação social.

Alguns dos principais objetivos específicos do Programa de Residência em Saúde Mental são:

  • Contribuir para uma maior resolutividade do sistema de saúde e de formação, adquirindo competências para o trabalho/gestão em equipe e em rede;
  • Propiciar uma formação crítico-reflexiva, na perspectiva do desenvolvimento de competências técnicas, éticas e políticas relativas à atuação em saúde;
  • Desenvolver competências para a prática clínica individual e coletiva;
  • Qualificar profissionais de saúde para a efetivação do cuidado e reabilitação psicossocial de indivíduos, famílias e grupos;
  • Destacar a importância de considerar o contexto cultural e diversos aspectos como gênero, faixa etária, estilo de vida e outros, na compreensão de situações de crise psíquica ou transtorno mental e comportamental, com valorização da singularidade nos processos saúde-doença-cuidado;
  • Aprimorar as capacidades de produção, gerenciamento e compartilhamento do conhecimento, acessando e analisando criticamente produções científicas, bem como criando novos instrumentos de ensino/organização da prática.

Para que esses objetivos sejam alcançados, os residentes possuem módulos teórico-práticos que abrangem desde “Organização da rede de atenção à saúde” até “Práticas territoriais de Atenção Psicossocial”.

Podem haver variações nas ofertas de programas com área de concentração em Saúde Mental, de acordo com a instituição. Essas variantes vão direcionar a atuação para um campo mais específico. Algumas dessas possibilidades são:

  • Saúde Mental do Adulto;
  • Saúde Mental Infanto-Juvenil;
  • Saúde Mental com Ênfase em Dependência Química

Processo Seletivo da Residência em Saúde Mental

As vagas para Residência em Saúde Mental são abertas anualmente e cada instituto de ensino é responsável pela elaboração e divulgação dos seus processos seletivos, que podem sofrer variações de acordo com o estabelecido em cada edital. De um modo geral, o processo de seleção costuma ser composto por:

Prova objetiva

A prova objetiva está presente na grande maioria dos editais de Residência.

Costuma ser a primeira etapa do processo seletivo e possui caráter eliminatório (se fizer uma pontuação inferior à indicada no edital, você é eliminado da seleção) e classificatório (sua pontuação indicará sua posição perante os outros candidatos).

Essa prova é composta de questões objetivas geralmente relacionadas à conhecimentos gerais da Saúde Pública Brasileira e conhecimentos específicos da área de atuação.

Prova dissertativa

A prova dissertativa costuma se apresentar como a segunda etapa do processo seletivo para entrar em um programa de Residência.

Na maioria das vezes, ela tem caráter classificatório e apresenta uma situação problema ou um estudo de caso vinculado à área profissional.

Prova de Títulos

A prova ou avaliação de títulos também está muito presente nos processos. Geralmente, é a última etapa a ser vencida para alcançar a tão sonhada vaga de residente.

Nela, haverá uma avaliação de atividades extra-curriculares como a realização de projetos, participação em eventos, trabalhos publicados, estágios etc.

Cada atividade realizada corresponde à uma pontuação específica e a soma dos pontos de seu currículo será considerada na classificação final da Residência.

Entrevista

A entrevista também é uma etapa possível no processo seletivo. Geralmente, ela ocorre no mesmo dia que a Prova de Títulos.

Nesse momento, o responsável pelo programa de residência da instituição fará perguntas gerais sobre comportamento, histórico profissional e vida do candidato, assim como testará questões mais específicas, diretamente relacionadas à área de atuação, como em uma prova oral.

Todas essas etapas, assim como as formas de avaliação e aplicação das mesmas, podem variar de acordo com cada Hospital de Ensino. Por isso, um dos primeiros passos da preparação para a Residência é estudar profundamente o edital da instituição em que pretende se inscrever e entender bem quais são as etapas e as competências cobradas.

O cronograma completo do processo, incluindo data das provas, do resultado final e do início do Programa (geralmente é início de Março), são divulgados no edital de abertura da Residência. No mesmo documento há informações sobre taxa de inscrição, quadro detalhado das vagas ofertadas, conteúdos cobrados nas avaliações, dentre outros.

Onde fazer Residência em Saúde Mental?

Agora que você já entendeu como funciona a Residência e como fazer o processo seletivo, está na hora de conhecer quais são os institutos que oferecem programas de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Mental. Listamos os principais para vocês! Aí vai:

O que é esperado do especialista em Saúde Mental?

Afinal, qual é o perfil de um especialista em Saúde Mental? Quais as principais características que serão exigidas de um profissional da área? Vamos te responder agora:

A Residência em Saúde Mental contribui para o desenvolvimento de competências e habilidades de um trabalhador da Atenção Psicossocial, com ênfase na atuação territorial e intervenção clínica em situações diversas de sofrimento psíquico, destacando seu caráter ético-político.

Além das características comuns à área profissional específica de cada atuante da Saúde (enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas,fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais), as principais competências gerais a serem desenvolvidas na Residência, que serão cobradas posteriormente na prático de trabalho, são:

  • Compreensão de Saúde Mental e Atenção Psicossocial ampliada, extrapolando o paradigma biomédico;
  • Avaliação diagnóstica complexa das condições “patológicas” em Saúde Mental, com vistas ao desenho de intervenções para o cuidado a pessoas com transtornos psíquicos diversos e aqueles decorrentes do uso de substâncias psicoativas;
  • Capacidade de intervenção clínica, com base em uma compreensão diagnóstica que respeite a complexidade de cada caso;
  • Disponibilidade ao trabalho em equipe, numa perspectiva transdisciplinar, em que haja compartilhamento e articulação dos saberes entre os diversos núcleos profissionais;
  • Atuação pautada na integralidade, com a compreensão da imprescindibilidade de uma articulação entre os diversos componentes e pontos de atenção da RAPS e desta com as demais Redes de Atenção à Saúde;
  • Utilização de tecnologias leves, a exemplo do estabelecimento de comunicação de caráter terapêutico, vínculo, acolhimento, escuta e construção conjunta de projetos de cuidado;
  • Atuação ética, com reflexão permanente sobre o fazer e os seus efeitos no cuidado ao outro;
  • Compreensão das políticas públicas, sua operacionalização e seu impacto na resolutividade dos problemas de saúde;
  • Implicação efetiva em projetos de atenção às pessoas em sofrimento psíquico, em diferentes níveis de complexidade;
  • Formalização do saber teórico-clínico e sua transmissão através do exercício da apresentação e discussão de casos e produção/desenvolvimento de projetos de pesquisa e extensão com base na realidade cotidiana da RAPS e foco na melhoria da qualidade de cuidado;
  • Leitura crítica e propositiva nos processos de Gestão em Saúde/Saúde Mental em todos os componentes da RAPS, inclusive na Gestão Municipal da Política de Saúde Mental.

Como se preparar para a Residência em Saúde Mental?

O primeiro passo para a preparação é ter certeza de que área você quer seguir. Para isso, pesquise bem suas possibilidades e encontre o caminho que mais se encaixa com o seu perfil e com suas necessidades.

Leia conteúdos sobre, converse com colegas da área e pense bem em como e onde você se vê trabalhando nos próximos anos. Temos algumas matérias que podem te ajudar nessa escolha:

Depois que você tiver certeza do caminho que quer seguir, é preciso estudar bastante sobre a instituição e o programa de residência em que você irá se inscrever e elaborar um planejamento bem consistente de estudos.

Muita coisa? Calma, nós também podemos te ajudar nessa! Confira alguns conteúdos especiais para essa parte da preparação:

Em seguida, você precisará escolher um material completo, assertivo e bem direcionado para seu objetivo!

Ter uma fonte de estudos de qualidade te dará a segurança necessária para você otimizar seu tempo e ser mais produtivo, além de fornecer o conteúdo e as ferramentas ideais que te guiarão para a aprovação.

Quer algumas dicas de materiais perfeitos para te preparar para a Residência? Segue abaixo:

A gente sabe te aprovar!

REFERÊNCIAS:

ONOCKO-CAMPOS, Rosana. Saúde mental no Brasil: avanços, retrocessos e desafios. Scielo, 2019. Disponível em: <https://scielosp.org/article/csp/2019.v35n11/e00156119/>. Acesso em: 04 de agosto de 2020.

Saúde mental: o que é, doenças, tratamentos e direitos. Ministério da Saúde. Disponível em: <https://saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental>. Acesso em: 04 de agosto de 2020.

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