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AINEs: o que são os anti-inflamatórios não esteroides?
O que é um anti-inflamatório não esteroide (AINE)?
Os anti-inflamatórios não esteroides, também conhecidos como AINEs, são aplicados no tratamento de dores crônicas e agudas advindas de processo inflamatório.
Constituem-se como medicamentos analgésicos simples que atuam, juntamente ao paracetamol, como o 1º grau da escala de dor da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Neste artigo, abordaremos todos os principais pontos que você precisa saber sobre os AINEs. Confira:
- Farmacologia dos AINEs
- Fisiologia da Inflamação
- Mecanismo de Ação dos AINEs
- Os 3 principais efeitos terapêuticos dos AINEs
- Efeitos adversos dos AINEs
- Classificação dos AINEs
- Principal Interação medicamentosa dos AINEs
- Outras interações medicamentosas
- Dúvidas mais frequentes
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Farmacologia dos AINEs
A farmacologia dos AINEs é ampla e diversificada, mas sua função pode ser resumida de forma bastante precisa.
Os AINES têm três efeitos principais:
-
analgésico,
-
antipiréticos,
-
e anti-inflamatórios.
Esses três efeitos são altamente vantajosos no cenário clínico, já que muitos pacientes são acometidos por um ou mais desses sintomas.
Por esse motivo, os AINEs são usados em condições como cefaleia e enxaqueca, condições artríticas inflamatórias (espondilite anquilosante, artrite psoriática), dor pós-operatória, dor nas costas e gota – entre muitos outros.
Aqui, vamos levá-lo através da farmacologia dos AINEs, olhando primeiro para as várias classes (e respectivos mecanismos), antes de avaliar seus efeitos adversos e interações medicamentosas.
Mas, antes, para entender melhor os medicamentos anti-inflamatórios, será interessante fazer uma breve revisão do que vem a ser o processo inflamatório.
Fisiologia da Inflamação
A reação inflamatória está presente em quase todas as lesões produzidas no organismo humano.
As manifestações clínicas ou os sinais do processo inflamatório são: CALOR, RUBOR (eritema/ avermelhamento), EDEMA (inchaço), DOR e PERDA DA FUNÇÃO (limitação funcional).
Fisiologicamente podemos explicar o processo inflamatório lembrando que quando uma célula sofre lesão, o fosfolipídio de membrana metabolizado pela enzima fosfolipase A2, resultando em ácido araquidônico.
Por sua vez, o ácido araquidônico pode ser metabolizado pelas enzimas cicloxigenases originando os prostanóides (as prostaglandinas que são, em sua maioria, vasodilatadoras e os tromboxanos (TXA2) que possui ação trombótica e vasoconstritora.
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Mecanismo de Ação dos AINEs
Os AINEs – ou drogas antiin?amatórias não-esteroidais – compartilham um modo de ação comum, que envolve a inibição das enzimas ciclooxigenases (enzima COX, daqui em diante).
Diferentes AINEs inibem as isoenzimas COX – COX-1 e COX-2 – em diferentes extensões, e esse modo de ação diferencial entre os AINEs explica os diferentes per?s de efeitos adversos (e, de fato, seus per?s terapêuticos).
A inibição da COX é vital, são as enzimas COX responsáveis pela geração de prostanoides – substâncias que consistem em três componentes principais:
- Prostaglandinas – responsáveis por reações inflamatórias / ana?láticas
- Prostaciclinas – ativas na fase de resolução da in?amação
- Tromboxanos – mediadores da vasoconstrição
É importante lembrar que o efeito terapêutico dos AINEs não depende apenas do AINE escolhido, mas também da dose em que o AINE é administrado.
Tanto os efeitos terapêuticos quanto os efeitos adversos dos AINES são mediados pela inibição da produção de prostaglandinas, conseguida por meio da inibição da COX.
Os 3 principais efeitos terapêuticos dos AINEs:
- Efeito Anti-inflamatório: Diminuição da produção de prostaglandinas derivadas da COX-2, levando a diminuição da vasodilatação, edema e dor;
- Efeito Analgésico: Diminuição da dor (principalmente a inflamatória), diminuição de prostaglandinas que sensibilizam nociceptores da DOR (PGE2 e PGI2);
- Efeito antipirético: reduz a temperatura corporal patologicamente elevada, e tem como mecanismo de ação a inibição da produção das prostaglandinas PGE2, produzida a partir de IL-1, no hipotálamo.
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Efeitos adversos dos AINEs
A Classe dos AINEs é tão diversificada que leva a uma gama variada de potenciais efeitos adversos.
Esses efeitos adversos variam do leve e moderado ao grave e absolutamente perigoso.
Os AINEs devem ser usados com cautela, por exemplo, em pacientes com história de problemas gastrointestinais e em pacientes que sofrem de síndrome do intestino irritável.
Isso ocorre porque os AINEs estão associados a um risco aumentado de sangramento gastrointestinal e formação de úlcera. Aproximadamente 15% dos pacientes apresentam dispepsia administração de AINEs também.
Já quanto aos efeitos adversos, os principais e que você deve OBRIGATORIAMENTE saber são:
1. Irritação gástrica:
Mediada pela inibição da COX-1, que inibe a síntese de prostaglandinas que atuam na produção de muco, atuando como protetores gastricos;
2. Fluxo renal comprometido:
- Por inibir a PGE2 e PGI2 e por consequência diminuir a vasodilatação.
- Efeito adverso importante para pacientes susceptíveis a insuficiência renal
3. Tendência a prolongar o sangramento:
Por inibição da função plaquetária mediada por inibição da COX Plaquetária.
Classificação dos AINEs
Os AINES, dividem-se em NÃO-SELETIVOS (inibem as 2 isoformas da COX, ou seja, COX-1 e COX2) e SELETIVOS para COX-2.
INIBIDORES NÃO SELETIVOS DA COX (AINE- anti-inflamatório não esteroidal): Geralmente bloqueiam as duas isoformas da COX em diferentes graus e reversivelmente. São eles:
1. Salicilatos
Acido acetilsalicílico (AAS), ao contrário dos outros AINES promove a inibição irreversível das COX, sendo necessário fabricar novas enzimas.
Por esse motivo (inibição da COX1, constitutiva e que promove agregação plaquetária pelo TXA2) é muito utilizado como antitrombogênico para profilaxia de problemas coronarianos vascular encefálico.
Essa inibição irreversível da COX1 das plaquetas se prolonga por aproximadamente 10 dias, até que novas enzimas sejam fabricadas (esse longo período se deve as plaquetas não terem
núcleo).
Os efeitos adversos são os dos AINES em geral, e um que tem importância clínica bastante relevante é a broncoconstrição em pacientes asmáticos (que pode ocorrer com outros AINES também e que é abordada na aula de sistema respiratório).
O AAS não é indicado para o tratamento de crianças de pouca idade (em infecções com febre), pois há uma hipótese de que cause a Síndrome de Reye (marcada por encefalopatia e esteatose hepática).
2. Derivados do ácido Propiônico: ibuprofeno, naproxeno, cetoprofeno, flurbiprofeno.
O ibuprofeno é analgésico potente usado no tratamento de artrites e o naproxeno é 20 vezes mais potente que o AAS e causa menos efeitos adversos gastrointestinais.
3. Derivados do ácido acético: indometacina, sulindaco e etodolaco (indolacéticos); diclofenaco e cetocoralaco (fenilacéticos).
Muito utilizados em distúrbios musculoesqueléticos e artrites. O cetocoralaco tem propriedades analgésicas fortes.
4. Derivados do oxicam: piroxicam.
É tão eficaz quanto AAS, naproxeno e outros, mas é mais bem tolerado, além de ter ação longa podendo ser utilizado uma vez ao dia.
5. Derivados das sulfonanilidas: nimesulida.
Causa pouca inibição sobre a COX1.
6. Paracetamol (acetaminofeno):
Tecnicamente não é um AINE.
Tem efeitos analgésicos e antipiréticos, mas efeito insignificante como anti- inflamatório. Produz um metabólito tóxico quando metabolizado pelas enzimas do citocromo P450 no fígado que normalmente é neutralizado pela glutationa, ou seja, é potencialmente hepatotóxico. Intoxicações por paracetamol podem ser tratadas com N-acetilsisteína.
7. Inibidores da COX-2: Celecoxibe, Meloxicam, Etoricoxibe.
Inibem aproximadamente 100 vezes mais a COX2 do que a COX1. Possuem as mesma propriedades anti-inflamatórias dos AINE, porém sem o efeito de inibição plaquetária.
Esse detalhe tem se mostrado cada dia mais perigoso e pesquisas recentes têm descoberto que os coxibes podem causar trombose, hipertensão e problemas cardíacos severos quando em utilização prolongada.
A princípio teriam sido criados porque não causariam tantos problemas a mucosa gástrica como os AINE, mas isso também está em estudo e discussão e alguns como o rofecoxibe e o valdecoxibe já foram retirados do mercado.
IMPORTANTE SABER!!!
Obs: o meloxicam e a nimesulida inibem preferencialmente COX-2 a COX-1, em especial quando administrados em doses terapêuticas mais baixas. Não são TÃO seletivos quanto os coxibes, podendo ser considerado “preferencialmente seletivo”. Para concursos: analise as alternativas, se a alternativa “mais correta” incluir meloxicam ou nimesulida como seletivos COX-2, não pense duas vezes!
Leia também: Farmacologia dos Inibidores Seletivos de Recaptação da Serotonina (ISRS) | Tudo em um só lugar
Principal Interação medicamentosa dos AINEs
Atenção para interação medicamentosa MUITO cobrada em provas e na VIDA: AINES e Anti-hipertensivos!
Os AINES inibem a COX, o que inibe a formação de prostaglandinas, certo? Uma das prostaglandinas inibidas é a PGI2 que atua como vasodilatadora renal.
Assim, com a COX inibida pelos AINES, há diminuição da vasodilatação renal, o que diminui a taxa de filtração glomerular. Menos água é filtrada e como resultado há um AUMENTO da reabsorção de sódio e consequente aumento da P.A.
Outras Interações Medicamentosas
Os AINEs interagem com drogas anticoagulantes – como a varfarina, já que os AINEs têm um efeito de hipocoagulabilidade. Interagem também com os diuréticos, até porque os AINEs reduzem o fluxo sanguíneo renal.
Além disso, inibem a eliminação de drogas como o lítio e o metotrexato e reduzem o efeito terapêutico dos antidepressivos, como os ISRSs.
Dúvidas mais frequentes
Para facilitar, abaixo separamos as perguntas mais frequentes sobre os AINEs:
O que significa a sigla AINEs?
A sigla AINEs significa anti-inflamatórios não esteroides, ou seja, que não possuem componentes esteroidais hormonais em sua composição.
Qual é o mecanismo de ação dos AINEs?
Os AINEs – ou anti-inflamatórios não esteroides – compartilham um modo de ação comum, que envolve a inibição das enzimas ciclooxigenases (enzima COX, daqui em diante). Diferentes AINEs inibem as isoenzimas COX – COX-1 e COX-2 – em diferentes extensões, e esse modo de ação diferencial entre os AINEs explica os diferentes perfis de efeitos adversos (e, de fato, seus perfis terapêuticos).
Quais os principais efeitos adversos dos AINEs?
A Classe dos AINEs é tão diversificada que leva a uma gama variada de potenciais efeitos adversos. Esses efeitos adversos variam do leve e moderado ao grave e absolutamente perigoso. Os principais e que você deve OBRIGATORIAMENTE saber são: Irritação gástrica; Fluxo renal comprometido e Tendência a prolongar o sangramento.
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